Começo com um pouco de história, fragmentos retirados do artigo “FUTEBOL NO SUL: HISTÓRIA DA ORGANIZAÇÃO E RESISTÊNCIA ÉTNICA”, de José Luiz dos Anjos. Para ler ele na íntegra, clique aqui.
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Em seu início, a Liga da Canela Preta contava com nove clubes associados. Em 1922, a Liga Branca criou a segunda divisão, que abriu oportunidades para jogadores negros, o que desencadeou um lento processo de decadência da Liga da Canela Preta.
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A separação reinante configurava a permanência de uma mobilidade de relações sociais recíprocas. Para Simmel (1986), o número de diferentes círculos, no qual o indivíduo se move, é um dos indicadores do desenvolvimento cultural, pois permite que ele ocupe distintas posições na interseção de vários círculos. A possibilidade de alargamento de círculos sociais fez que as associações de futebol procurassem construir demandas de relações com grupos das cidades vizinhas e com grupos da Capital, configurando e evidenciando a força de agremiações de futebol, no Interior e na Capital. A mobilidade social e as associações de futebol dos times formadas pelos negros do interior e Capital, entre os anos 20 e 30, motivaram o desenvolvimento do futebol no Sul (RIGO, 2001). As relações foram extensas, pois clubes de futebol e associações religiosas permitiram que as sínteses coletivas pudessem ser mantidas, numa sociedade, que, na época, distinguia cada membro e seu pertencimento social. A extensão das relações sociais possibilitou espaços para que clubes passassem a contar com jogadores negros em seus elencos, o que ocorreu com o S. C. Internacional na década de 1930.
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Atualmente, temos visto, pela imprensa, fatos revelando no campo esportivo atitudes e comportamentos denominados de racismo. Seja no Brasil, seja na Europa, jogadores brasileiros ou africanos recebem atitudes provocadas por grupos de torcedores ou provocações isoladas originadas por jogadores da equipe adversária. São fatos revelando atitudes que talvez não possam ser denominadas de racismo, mas que promovem análises e reflexões que abordam esse conceito sociológico.
É num contexto de resistência da comunidade negra e popular à segregação reinante que o Grêmio F.B.P.A. – somente em 1952 – aceitou em seu elenco um jogador negro: Tesourinha. “O Grêmio quebrará hoje em Caxias uma tradição de meio século, ao incluir um elemento de cor preta em sua equipe” (CORREIO, 1952, p. 5).
A quebra de tradições, promovida pelo aceite do Grêmio de um jogador negro em seu clube, não possibilitou ao protagonista novas fronteiras de relações. Associados do clube protestaram diante da admissão de um jogador que trazia para o clube toda uma representação sócio-cultural. Não se tratava de se opor à vinda de um jogador, de um indivíduo para o clube. A preocupação dos opositores da ruptura era contra a representação que Tesourinha carregava em sua imagem de jogador, homem negro, precursor dos valores e da cultura afro. Como jogador, essa representação era mais latente, tanto que a imprensa e o mundo futebolístico do Sul admitiam que Tesourinha possuía uma característica distinta de jogar. Trata-se da acumulação cultural em que as técnicas corporais dos jogadores negros são incorporadas como um habitus do futebol nacional, um jeito ímpar de beleza e plasticidade das características do jogador pertencente à etnia negra, fato este, que, atualmente, recebe apoio e oposição dos autores da literatura do futebol.
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- No início de sua carreira no clube espanhol Barcelona, o camaronês Eto’o era alvejado por bananas toda vez que pegava na bola.
- Em 2004, os jogadores Juan e Roque Júnior foram ofendidos pela torcida do Real Madrid em uma partida contra o Real Madrid. Eles defendiam o clube alemão Bayer Leverkussen na Copa dos Campeões. Toda a vez que pegavam na bola, os entusiastas do time adversário imitavam macacos. O Real Madrid acabou sendo obrigado a pagar 10 mil euros de multa pela agressão.
A torcida Geral do Grêmio desistiu de suprimir a expressão "macaco imundo" dos cantos de provocação ao Internacional. No entanto, os gremistas lembram que o grito não tem nenhum cunho racista.
— Vamos continuar porque achamos que não tem racismo nenhum. Falamos macaco no sentido de que o Inter imita o Grêmio em tudo — disse um dos fundadores da “Geral do Grêmio”, Daniel Carrion.
Enfim até dirigentes do Grêmio admitem o que está acontecendo. Algumas coisinhas que parecem pequenas acabam ganhando força e acabam acarretando outras como essa cena desse vídeo, que eu já vi ao vivo em grenal:
E ainda essa imagem, que parece que foi filmada quase dez segundos na final do Gauchão desse ano.
Pra completar este texto, ontem saiu a notícia que o advogado Carlos Josias, renunciou ao cargo de vice-jurídico do Grêmio e publicou uma carta polêmica e muito esclarecedora de seus motivos. Ele acusa o presidente do Grêmio, Paulo Odone, de racismo. Para ler a notícia e toda a carta (que se for tudo verdade, como acredito que seja, é no mínimo chocante), clique aqui.
Buenas, alguns colunistas gremistas deste blog, podem continuar dizendo que é paranóia de colorado, que só querem sacanear o seu time ou qualquer outra besteira.
Depois do caso dos neonazistas de fato apareceu uma faixa no Beira-rio, que alguns podem chamar de provocação, mas na minha opinião que serve mais como um alerta.
6 comentários:
Teu time tá mal e tu não sabe como desviar a atenção. Pra mim é muito claro que isso daqui é uma piada. Já te disse, eu, particularmente, conheço colorado racista...
Isso prova que racismo não torce para time específico e q pessoas idiotas estão por toda parte.
Interessante o inter tb negou negros no seu time como o Grêmio. Entretanto, em ambas as partes isso faz parte do passado. Só por que foi o primeiro a aceitar negros, não quer dizer que é menos racista.
Outra coisa, aqueles descendentes paulistas que fundaram o Inter, primeiramente tentaram entrar no Grêmio, para mandar. Foram rechaçados e fundaram o Inter, já que o Grêmio era clube gaúcho. Muitos não acreditavam em mim, mas o texto que tu clocou fala um pouco a respeito disso.
Só mais uma coisa:
Quando é que o Inter teve um dirigente, presidente ou vice-presidente negro?
Racismo, como eu já falei, é mais complexo e dinâmico e não veste camisa de nenhum time...
O cruz é uma bixa racista.
Numa foto do Inter de 1916, em frente ao colégio Militar há um jogador, no mínimo, mulato.
Além disso, esse José Luiz dos Anjos não merece crédito. Já ouvi mais de um historiador sério dizer que nunca existiu A LIGA DA CANELA PRETA. Existiam algumas ligas de negros que era conhecidas como LigaS da Canela Preta...
Guilherme, em 1916 as fotos eram em preto e branco, não existiam cores. Portanto, alguns parecem mais pretos do que outros. Da mesma forma, se tu fores olhar as fotos dos times do Grêmio nessa época tb vai achar que tinha jogador negro. HEHEHE, essa foi boa, apenas um detalhe, hehehe. Não leve a mal...
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